sexta-feira, 6 de julho de 2007

Archigram

Em um período de pós-guerra, em que muitos países do primeiro mundo entravam em expansão econômica e tecnológica, impulsionando o desenvolvimento dos meios de comunicação e transporte. Onde as políticas de conquista espacial, o crescimento das redes de telecomunicações via satélite, o surgimento da computação,robótica, a proliferação de eletrodomésticos, tal como a televisão, visavam garantir o bem estar da população. Tudo isso, também fomentado pelo período da Guerra Fria, na luta entre dois sistemas: o capitalismo e o socialismo, em que houve a competição tecnológica e a instabilidade de uma terceira guerra mundial, com artefatos nucleares, que, conseqüentemente, poderia destruir num piscar de olhos milhares de cidades. Essa é a década de sessenta, onde um certo número de arquitetos via na arquitetura funcional da época um artefato obsoleto, já que não utilizava em boa parte os elementos tecnológicos atuais, mantendo a tradição, ou melhor, os antigos estilos arquitetônicos, como, por exemplo, o neogótico. Eles queriam, portanto, uma total transformação da disciplina arquitetônica. O Archigram foi um dos primeiros grupos a fazê-lo. O grupo Archigram é composto por seis arquitetos ingleses: Warren Chalk, Peter Cook, Denis Crompton, David Greene, Ron Heron e Mike Webb, que funcionou nos anos sessenta até o final da década de 1970. Archigram é o nome de um manifesto que eles colocaram em um cartaz. Arch significa arquitetura e gram telegrama. O nome era portanto a fusão da palavra arquitetura com a rapidez e agilidade de um telegrama. No cartaz dizia: “foi fundado um manifesto com idéias dinâmicas de uma nova arquitetura”. A idéia era lançar uma publicação que fosse mais simples e ágil que uma revista. Esta publicação mesclava projetos e comentários sobre arquitetura com imagens gráficas, cuja referência vinha do movimento pop da TV, do rádio e das histórias em quadrinhos. A linguagem utilizada na programação visual da revista era a da bricolage, através da colagem e justaposição de desenhos técnicos, artísticos, fotomontagens e textos. A cor também era um recurso utilizado: cores fortes, vibrantes eram usadas na comunicação dos projetos e idéias do grupo. Tudo isso era uma critica radical e irônica e radical as convenções e aos procedimentos utilizados. São questionamentos que mostram a reação contra a obviedade e a monotonia no processo de criação arquitetônica. No manifesto era também incluídos trabalhos de alguns convidados, de estudantes, tais como John Outram, Steve Osgood, Nick Grimshaw, novos arquitetos e engenheiros, como Helmut Richter, Hans Hollein, Arata Isozaki, Frei Otto, Yona Freidman e Cedric Price. Foi Hollein que escreveu , em 1964, o conceito do grupo: ‘arquitetura como um meio de comunicação'. Desta maneira a comunicação extendeu-se a exposições, poemas, escrita, conferências e ensino. Mas a comunicação das idéias era principalmente difundida no desenho :‘a matéria está no desenho'. Eles idealizaram arquiteturas que se fundamentavam em idéias e princípios que estavam relacionados às transformações provocadas pela tecnologia. Em seus projetos eles utilizavam materiais bastante atuais, que nenhum arquiteto havia experimentado, provocando uma reação entre os arquitetos mais conservadores. Seus projetos procuravam antever e moldar o ambiente futuro, com propostas criativas nas quais a realidade se encontrava com o domínio da ficção, uma espécie de fronteira entre o real (realizável) e o utópico. “Era um conjunto de idéias, imagens e objetos inspirados nas múltiplas possibilidades entreabertas pela ciência e alta tecnologia da era espacial. ”(Vitruvius, matéria de Marcos Sólon Cretti da Silva). Alguns de seus projetos arquitetônicos experimentais, ora afundavam-se, emergiam da água como glóbulos, ora voavam como foguetes lunares. Ou ainda, os habitantes se teletransportavam para outros lugares como também o projeto poderia ser desdobrado em diversos módulos, podendo ser carregado por uma pessoa, reduzindo, conseqüentemente, o espaço construído e gerando a mobilidade do homem moderno, que já não tinha mais um local fixo. O objetivo do grupo não era somente alterar o modo de como as pessoas encaram a arquitetura, mas sim mudar a realidade como um todo: no âmbito social, político e psicológico da sociedade. A primeira edição, em maio de 1961, foi chamada de ninepence. Eles venderam trezentas cópias, principalmente para estudantes e assistentes de escritórios de arquitetura.Como Cook recordou, ‘”não foi protestado aos arquitetos seniores que igualavam os estudantes a uma piada e...todos pensaram que eles morreriam em uma morte natural”. Pela nona edição, em 1970, foi vendido mais de 5000 exemplares em diversos países. No manifesto continham projetos revolucionários, tais como Instant City, Walking City, Plug-in and Computer Cities, ambas cidades móveis, a fim de responder ao estilo de vida mutante do indivíduo, pela escassez de materiais como o petróleo, até mesmo pelo clima de medo e insegurança gerada pela Guerra Fria. Ao final dos anos sessenta, a revista de Archigram estava vendendo milhares de cópias e tinha publicado o trabalho de arquitetos como Nicholas Grimshaw, Arata Isozaki, Hans Hollein e Frei Otto, que eram também sócios do grupo. Em 1969, o grupo que, até lá, tinha ganho Colin Fournier e Ken Allison, abriu uma pratica arquitetônica depois de ganhar uma competição para projetar um centro de lazer em Monte-Carlo. O projeto era de uma cúpula circular enorme enterrada no mediterrâneo. Os assentos, banheiros e luzes estavam montados sobre rodas para serem movidos ao redor da edificação em configurações novas quando o uso do edifício mudar. A economia entrou em colapso e o centro nunca foi construído.



História do grupo Archigram contada por Peter Cook (www.archigram.net.)



David green, Warren Chalk, Peter Cook, Mike Webb, Ron Herron,Dennis Crompton Imagem de Peter Cook




Um comentário:

Lulu disse...

Obrigada pelo excelente post!